Por esses dias estava refletindo sobre o avanço da criminalidade, o uso exagerado de álcool e drogas, o aumento no emprego da violência para solução dos conflitos.
Sem dúvida parecemos experimentar uma volta ao tempo em que se usava mais o instinto que a razão.
Por quê?
O que tem levado a humanidade a esse retrocesso moral?
O que leva pessoas civilizadas a se relacionarem como animais irracionais?
Além dos inúmeros fatores já elencados e conhecidos, arrisco um palpite: a carência.
Os seres humanos estão carentes de valorização e reconhecimento.
A ideologia capitalista nos transformou em mercadorias, desprovidas se sentimentos e sensações, pois precisa de consumidores para sobreviver.
Para vender cremes de beleza nos fez acreditar na feiura.
Para vender felicidade nos fez infelizes.
Para criar consumidores vorazes minimizou o valor de tudo o que somos.
Instaurou-se a sensação de carência generalizada.
Precisamos ter para sermos felizes.
Ter o carro, o celular, o computador, a televisão de plasma, as várias roupas e calçados. Se não temos tudo isso, não valemos nada, não temos valor algum. E se não temos nada, ficamos com muita raiva de quem tem. Tomamos à força o que a vida não nos deu.
E se temos tudo, impressionantemente não ficamos satisfeitos, queremos mais. Nada parece aplacar a fúria do nosso vazio existencial. A necessidade de amor e aceitação é imperiosa e ai de quem não nos amar.
Ficamos tão irados com a desatenção que preferimos assassinar quem que se recusa a reatar o convívio, estamos demasiado carentes. A busca por momentos prazerosos é quase que involuntária.
Bebemos, e isso nos faz esquecer pequenos e grandes aborrecimentos.
Usamos substâncias entorpecentes e experimentamos sensações de prazer que nos gratificam por alguns momentos.
Queremos ser felizes ainda que seja por pouco tempo, já que nada temos e não possuímos valor algum pelo que somos, vamos esquecer que somos gente por instantes.
Para que bebemos, usamos drogas, furtamos ou agredimos, senão para desfrutarmos de sensações prazerosas que subtraímos de nós mesmos?
Subtraímos a importância de nosso “ser” e convencionamos que seria melhor “ter”.
No entanto, frente à ganância humana não há como todos terem o suficiente. Alguém sempre fica sem nada.
Partilhar implica ver o outro como semelhante, e digno do igual direito de ser feliz.
Se atentarmos para isso, teremos a chance de diminuir a criminalidade e o consumo de álcool e drogas.
As pessoas não podem continuar sendo aquilatadas pelo que possuem ao invés do que pelo que são.
Se insistirmos em valorizar os demais pelo que possuem e não pelo que são, muitas mortes ainda vão acontecer em busca da valorização e do reconhecimento
A vida nos traz desafios constantes para os quais precisamos estar preparados.
Talvez nossa maior aliada, ao lado da fé, seja a autoestima. Apreciação de si mesmo, não no sentido egoísta, mas amoroso do termo.
Estimar a si mesmo é ter respeito pela pessoa que se é. Prezar o templo no qual o Senhor Deus decidiu colocar seu sopro vital. Ter consideração e carinho pela pessoa que nos tornamos com o passar dos anos, reconhecendo nossos defeitos e qualidades, procurando nos aprimorar a cada dia.
Muitos não dão o devido valor a si mesmos.
Possuem histórias familiares complexas, em que foram depreciados, humilhados, menosprezados.
Necessitam, muitas vezes, de auxílio para conseguirem enxergar quão valorosos são.
Esse auxílio pode ser encontrado na psicoterapia, no aconselhamento psicológico, no tratamento com profissional habilitado para trabalhar com as dificuldades emocionais.
É um investimento que vale a pena quando descobrimos quão preciosos somos; quanto um olhar incondicional e amoroso pode nos auxiliar.
É preciso autoestima para não esfacelar, esmorecer ou sucumbir.
Para fazer escolhas sensatas, agir com moderação, manter a calma diante de provocações e calúnias.
É preciso autoestima para erguer a cabeça e continuar lutando diante de uma situação adversa, assim como sobreviver à culpa ou lidar com a revolta e a mágoa.
Enfim, são necessárias muita coragem e autoestima para tomar decisões sérias, em que outras pessoas estão envolvidas e podem igualmente sofrer e se traumatizar.
Nem sempre temos condições de nos sacrificar por um ideal que não é compartilhado.
O desgaste, a acomodação e a falta de interesse interferem demasiado em muitos de nossos sonhos e planos.
Sacrifício unilateral conduz ao esgotamento e pode levar à morte.
A autoestima faz toda diferença nesses momentos de crise e pode ser desenvolvida através de um processo psicoterapêutico.
Não permita que lhe tirem aos poucos toda a alegria de viver.
Enfrente! Lute!
Mostre a todos que é possível vencer Golias com uma funda na mão quando se está alicerçado em Deus e com a consciência tranquila.
Resgate sua autoestima e deixe de sofrer!
Comments