A santidade que as bem-aventuranças e Mateus 25, 31-46 nos propõem, são indispensáveis para compreender o estilo de vida a que o Senhor nos chama.
Existem diferentes métodos de oração, os sacramentos inestimáveis da Eucaristia e da
Reconciliação, a oferta de sacrifícios, as várias formas de devoção, a direção espiritual e muitos outros.
Estas caraterísticas não são todas as que podem constituir um modelo de santidade, mas são cinco grandes manifestações do amor a Deus e ao próximo, que são importantes devido a alguns riscos e limites da cultura de hoje.
Nesta se manifestam: a ansiedade nervosa e violenta que nos dispersa e enfraquece; o
negativismo e a tristeza; a acedia cómoda, consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade sem encontro com Deus que reinam no mundo religioso atual.
A primeira destas grandes caraterísticas é permanecer centrado, firme em Deus que ama e sustenta. A partir desta firmeza interior, é possível aguentar, suportar as contrariedades, as vicissitudes da vida e também as agressões dos outros, as suas infidelidades e defeitos: «se Deus é por nós, quem pode estar contra nós?» (Rm 8, 31).
Nisto está a fonte da paz que se expressa nas atitudes dum JOVEM santo.
Com base em tal solidez interior, o testemunho de santidade, no nosso mundo acelerado, volúvel e agressivo, é feito de paciência e constância no bem.
É a fidelidade (pistis-harmonia- sintonia) do amor, pois quem se apoia em Deus também
pode ser fiel (pistós – que marca presença) aos irmãos, não os abandonando nos momentos difíceis, nem se deixando levar pela própria ansiedade, mas mantendo-se ao lado dos outros mesmo quando isso não lhe proporcione qualquer satisfação imediata.
São Paulo convidava os cristãos de Roma a não pagar a ninguém o mal com o mal ( Rm 12, 17), a não fazer-se justiça por conta própria (12, 19), nem a deixar-se vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem ( 12, 21).
Esta atitude não é sinal de fraqueza, mas da verdadeira força, porque o próprio Deus é
paciente e grande em poder. Assim nos adverte a Palavra de Deus: «toda a espécie de azedume, raiva, ira, gritaria e injúria desapareça de vós, juntamente com toda a maldade» (Ef 4, 31).
É preciso lutar e estar atentos às nossas inclinações agressivas e egocêntricas, para não
deixar que ganhem raízes: «se vos irardes, não pequeis; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento» (Ef 4, 26). Quando há circunstâncias que nos acabrunham, sempre podemos recorrer à âncora da súplica, que nos leva a ficar de novo nas mãos de Deus e junto da fonte da paz: «por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em ações de graças. Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações» (Flp 4, 6-7).
Pode acontecer também que os JOVENS façam parte de redes de violência verbal através da internet e vários fóruns ou espaços de intercâmbio digital.
Mesmo na mídia católica, é possível ultrapassar os limites, tolerando-se a difamação e a
calúnia e parecendo excluir qualquer ética e MORAL a respeito pela fama alheia.
Gera-se, assim, um dualismo perigoso, porque, nestas redes, dizem-se coisas que não
seriam toleráveis na vida pública e procura-se compensar as próprias insatisfações descarregando furiosamente os desejos de vingança.
É impressionante que o JOVEM como, às vezes, pretendendo defender outros mandamentos, se ignora completamente o oitavo: «não levantar falsos testemunhos» e
destrói-se sem piedade a imagem alheia- (Julgamentos, calunias, fofocas etc.)- Nisto se manifesta como a língua descontrolada «é um mundo de iniquidade; (…) e, inflamada pelo Inferno, incendeia o curso da nossa existência» (Tg 3, 6).
JOVEM a firmeza interior, que é obra da graça, impede de nos deixarmos arrastar pela
violência que invade a vida social, porque a graça aplaca a vaidade e torna possível a mansidão do coração. Um JOVEM santo não gasta as suas energias a lamentar-se dos erros alheios, é capaz de guardar silêncio sobre os defeitos dos seus irmãos e evita a violência verbal que destrói e maltrata, porque não se julga digno de ser duro com os outros, mas considera-os superiores a si próprio (Flp 2, 3).
Não nos faz bem olhar com altivez, assumir o papel de juízes sem piedade, considerar os outros como indignos e pretender continuamente dar lições. Esta é uma forma subtil de violência.
São João da Cruz propunha outra coisa: «mostra-te sempre mais propenso a ser ensinado por todos do que a querer ensinar quem é inferior a todos».
E acrescentava um conselho para afastar o demónio: «alegrando-te com o bem dos outros como se fosse teu e procurando sinceramente que estes sejam preferidos a ti em todas as coisas, assim vencerás o mal com o bem, afastarás o demónio para longe e alegrarás o coração.
Procura exercitá-lo sobretudo com aqueles que te são menos simpáticos. E sabe que, se não te exercitares neste campo, não chegarás à verdadeira caridade nem tirarás proveito dela».
A humildade só se pode enraizar no coração através das humilhações. Sem elas, não há
humildade nem santidade. Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não és humilde nem estás no caminho da santidade. A santidade que Deus dá à sua Igreja, vem através da humilhação do seu Filho: este é o caminho.
A humilhação faz-te semelhante a Jesus, é parte iniludível (que não se pode esquivar) da
imitação de Jesus: «Cristo padeceu por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos» (1 Ped 2, 21).
Ele, por sua vez, manifesta a humildade do Pai, que Se humilha para caminhar com o seu povo, que suporta as suas infidelidades e murmurações ( Ex 34, 6-9; Sab 11, 23–12, 2; Lc 6, 36).
Por este motivo os Apóstolos, depois da humilhação, estavam «cheios de alegria, por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus» (At 5, 41). Não em apenas às situações cruéis de martírio, mas às humilhações diárias daqueles que calam para salvar a sua família, ou evitam falar bem de si mesmos e preferem louvar os outros em vez de se gloriar, escolhem as tarefas menos vistosas e às vezes até preferem suportar algo de injusto para o oferecer ao Senhor: «se, fazendo o bem, sofreis com paciência, isso é uma coisa meritória diante de Deus» (1 Ped 2, 20).
Não é caminhar com a cabeça inclinada, falar pouco ou escapar da sociedade.
Às vezes uma pessoa, precisamente porque está liberta do egocentrismo, pode ter a
coragem de discutir amavelmente, reclamar justiça ou defender os fracos diante dos poderosos, mesmo que isso traga consequências negativas para a sua imagem.
Não que a humilhação seja algo de agradável, porque isso seria masoquismo, mas que se trata dum caminho para imitar Jesus e crescer na união com Ele.
Isto não é compreensível no plano natural, e o mundo ridiculariza semelhante proposta.
É uma graça que precisamos de implorar: «Senhor, quando chegarem as humilhações,
ajuda-me a sentir que estou seguindo atrás de Ti, no teu caminho».
Esta atitude pressupõe um coração pacificado por Cristo, liberto daquela agressividade que brota dum «ego» demasiado grande.
A própria pacificação, que a graça realiza, permite-nos manter uma segurança interior e
aguentar, perseverar no bem «ainda que atravesse vales tenebrosos» (Sal 23/22, 4) ou
«ainda que um exército me cerque» (Sal 27/26, 3).
Firmes no Senhor, a Rocha, podemos cantar: «deito-me em paz e logo adormeço, porque só Tu, Senhor, me fazes viver em segurança» (Sal 4, 9).
Em suma, Cristo «é a nossa paz» (Ef 2,14) e veio «dirigir os nossos passos no caminho da paz» (Lc 1, 79). Ele fez saber a Santa Faustina Kowalska: «a humanidade não encontrará paz, enquanto não se dirigir com confiança à Minha Misericórdia».
Por isso, não caiamos na tentação de procurar a segurança interior no sucesso, nos
prazeres vazios, na riqueza, no domínio sobre os outros ou na imagem social: «Dou-vos a minha paz. [Mas] não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou» (Jo 14, 27).
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