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Foto do escritorHenrique Santos Filho

AUTOMUTILAÇÃO

É cada vez mais comum adolescentes, mas também adultos, com quadros de automutilação.

E ela não ocorre apenas com atos de se cortar, bater em si mesmo e se queimar.

Algumas pessoas me perguntam se arrancar o cabelo e comer unha também podem ser consideradas com automutilação.

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A automutilação pode ser definida como qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio. Esse comportamento é repetitivo, chegando, em alguns casos, a mais de 100 vezes em um período de 12 meses. As formas mais recorrentes de automutilação são cortar a própria pele, bater em si mesmo e queimar-se e em geral as áreas onde são produzidos os ferimentos são os braços, pernas, abdômen e áreas expostas. No último ano, o individuo se engajou, em cinco ou mais dias, em dano intencional autoinflingido à superfície do seu corpo, provavelmente induzindo sangramento, contusão ou dor (por exemplo: cortar, queimar, fincar, bater, esfregar excessivamente), com a expectativa de que a lesão levasse somente a um dano físico menor ou moderado (por exemplo, não há intensão suicida). A ausência de intenção suicida foi declarada pelo individuo ou pode ser inferida por seu engajamento repetido em um comportamento que ele sabe, ou aprendeu, que provavelmente não resultará em morte.

O indivíduo se engaja em comportamentos de autolesão com uma ou mais das seguintes expectativas:

1. Obter alívio de um estado de sentimento ou de cognição negativos.

2. Resolver uma dificuldade interpessoal.

3. Induzir um estado de sentimento positivo.


O alívio ou resposta desejado são experimentados durante ou logo após a autolesão, e o indivíduo pode exibir padrões de comportamento que sugerem uma dependência em repetidamente se envolver neles.

A autolesão intencional está associada a pelo menos um dos seguintes casos:

1. Dificuldades interpessoais ou sentimentos ou pensamentos negativos, tais como depressão, ansiedade, tensão, raiva, angústia generalizada ou autocrítica, ocorrendo o período imediatamente anterior ao ato de autolesão.

2. Antes do engajamento no ato, m período de preocupação com o comportamento pretendido que é difícil de controlar.

. 3. Pensar na autolesão que ocorre frequentemente, mesmo quando não é praticada.

O comportamento não é socialmente aprovado (por exemplo: piercing corporal, tatuagem, parte de um ritual religioso ou cultural) e não está restrito a arrancar carca de feridas ou roer as unhas.

O comportamento ou suas consequências causam sofrimento clinicamente significativo ou interferência no funcionamento interpessoal, acadêmico ou em outras áreas importantes do funcionamento. O comportamento não ocorre exclusivamente durante episódios psicóticos, delirium, intoxicação por substancias ou abstinência de substancia. Em indivíduos com um transtorno do neurodesenvolvimento, o comportamento não faz parte de um padrão de estereotipias repetitivas. O comportamento não é mais bem explicado por outro transtorno mental ou condição médica (por exemplo, transtorno psicótico, transtorno do espectro autista, deficiência mental, síndrome de Lesch-Nyhan, transtorno do movimento estereotipado com autolesão, tricotilomania (transtorno de arrancar cabelo, Hair-pulling), transtorno de escoriação (skin-picking e você acaba ferindo a si mesmo quando não se sente bem, saiba que isso é um assunto sério e que merece atenção.

A automutilação é um assunto conhecido, mas pouco comentado nas rodas sociais. Muitos já conheceram um amigo próximo ou distante que se feria de uma forma branda, ou grave quando estava em momento de estresse.

O nosso objetivo é orientar a busca pelo tratamento necessário.


Automutilação: o que isso significa?

Essa violência contra si mesmo acontece quando foge do controle lidar com a situação vivida e tantos os atos de violência maior — como bater a cabeça contra a parede, criar cortes em seu corpo, se queimar, se arranhar — e até mesmo atos menores — arrancar pelo, cabelo ou evitar que feridas cicatrizem — são um meio de extravasar a carga emocional contida, seguidos por um sentimento de alívio.

Ainda é um tabu falar sobre essas crises. Elas são responsáveis por causarem tensão e sofrimento em quem tem dificuldade em lidar com grandes cargas emocionais do dia a dia.

Dessa forma, a pessoa fere seu próprio corpo quando está em um desses momentos de tensão extrema.

É importante lembrar que isso é um resultado de um sofrimento real, e que ninguém deve se sentir culpado por atos que muitas vezes podem ser indícios de transtornos maiores, que precisam ser tratados.

Além disso, as autolesões podem ser porta de entradas para formas mais perigosas de tentar sanar suas dores internas, como a automutilação ou o suicídio.


Por que crio lesões em meu corpo?

Para entender sobre esse assunto de forma mais clara, precisamos conhecer primeiro as causas de tais atos.

Em um mundo onde frequentemente precisamos mostrar que somos fortes para sociedade, e que somos capazes de lidar com todos os afazeres, acabamos por mascarar e esconder nossos conflitos emocionais, quando deveríamos reconhecê-los e tratá-los para ficarmos livres do peso deles.

Quando não conseguimos falar ou demonstrar nosso sofrimento emocional, nossa mente cria formas de aliviá-lo. Algumas pessoas ao não se expressarem, por exemplo, ficam doentes, enquanto outras sentem uma forte tendência em manter rituais nos quais se machucam.

Se você se machuca quando está com problemas, entenda que esta é uma forma não saudável de aliviar as tensões emocionais. Mas que a intenção deste artigo não é fazê-lo se sentir culpado, e sim servir como uma porta de entrada para você entender e discutir sobre esse assunto e, principalmente, para mostrar que existe tratamento.


Posso estar doente?

A autolesão não é entendida como uma doença, mas sim como um sintoma, podendo ter ou não algum transtorno mais grave associado.

Algum transtornos mais sérios podem levar a autolesão, sendo eles: quadros de Esquizofrenia, Autismo, Síndrome de Asperger, Depressão, Transtorno Borderline, Transtorno Bipolar do Humor, entre outros. A avaliação deve sempre ser feita por um profissional.


Será que minha autoestima está baixa?

Infelizmente uma das maiores causas da autolesão em adolescentes é a autoestima baixa, aquele jovem acredita que não é importante e tem dificuldade em se enxergar de forma positiva.

Qual tratamento devo procurar?

Por ser um quadro que causa um grau de risco para a pessoa, é preciso buscar com urgência um tratamento adequado, para que esse ritual de autopunição não se transforme em automutilação.

A automutilação, forma mais grave que a autolesão, ocorre em maior grau em casos alucinatórios como a esquizofrenia e uso de drogas; transtornos onde há dificuldade de controle de impulsos, como o bipolar; podem ocorrer também em casos de fanatismo religioso, onde a pessoa passa a acreditar que precisar pagar por algum pecado cometido, ou em desordens de cunho sexual onde ocorre a castração.

Em quadros graves de depressão, além de tentar automutilação, o paciente pode ter ainda o impulso de suicídio.

O psicólogo precisará entender de onde surge a raiva contida que o paciente possui — e acaba por direcionar a si mesmo — e oferecer meios para que o paciente consiga superar esses hábitos, conquistando uma vida mais saudável.

É recomendado, em quadros de transtornos, que acompanhamento conte também com o psiquiatra e medicamentos, favorecendo assim o tratamento psicológico.

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