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Foto do escritorHenrique Santos Filho

Como libertar-se do passado

Cada um de nós comporta em si mesmo a sua história, composta por tudo o que vivemos desde o nascimento até ao dia de hoje.



Muitos dos acontecimentos são esquecidos, quer bons e menos bons. No entanto, existem acontecimentos da nossa vida que são mais marcantes, influenciando as nossas ações e decisões do dia a dia. Podemos chamar isso de condicionamento. Agimos, emitindo um determinado padrão de comportamento que é altamente influenciado por acontecimentos marcantes de raiz emocional, positivo e negativo. Evidentemente, que os acontecimentos marcantes negativos geram-nos algum tipo de dor emocional, normalmente traduzido no sentimento de angústia.

É importante saber que existe a possibilidade de poder mudar o significado do seu passado. O presente e o futuro, até pode ser razoável, mas o passado? Como é que podemos mudar algo que ocorreu? Como é que podemos viajar no tempo?” A resposta mais surpreendente é: Através da memória.

Esta perspectiva de podermos retornar ao passado através do mecanismo da memória,é a possibilidade real de podermos mudar o significado do nosso passado. O passado, o presente e o futuro, relacionam-se de forma intrínseca num só tempo, no aqui e agora. Mudar o presente, à primeira vista é a tarefa que nos parece ser mais viável, fácil e acessível de podermos executar. Nada podia estar mais longe da verdade. De um ponto de vista operacional, e dado que os três momentos estão intrinsecamente ligados, todos, inevitavelmente são mudados no exato momento em que se estabelece algum tipo de mudança. Alterando o significado dos eventos passados, automaticamente estes têm impacto no momento presente e permitem projetar-nos no futuro. Sendo que esse futuro é estruturado pela ideia que temos dele no momento presente. Por sua vez, a ideia que temos no presente sofre influências oriundas do nosso passado. Ficarmos demasiado, condicionados pelo passado, e isso nos conduz a padrões e atitudes de vítima e com dificuldade em iniciar novos desafios na vida. Às vezes, geram-se medos, nossos pensamentos ficam rígidos, caminhamos na vida com demasiados mecanismos de defesa e em estado de alerta excessivo. Tornamo-nos especialistas na detenção do perigo, e onde e como podemos ser magoados. Certamente, alguns acontecimentos do passado deixam marcas profundas, infligem sofrimento, dor, aflição, tristeza, pesar. E alguns desses estados emocionais, fizeram-nos adaptar de forma mais funcional à nova realidade. Permitiram que nos movimentássemos, que fizéssemos coisas na tentativa de atingir novamente um estado de equilíbrio emocional. Quando conseguimos ter essaatitude positiva, vemos o benefício a emergir do sofrimento e da dificuldade, mas provavelmente todos nós, em algum período das nossas vidas, não conseguimos fazer este exercício de deixar de ir ao passado, de conseguir retirar um saldo positivo dos acontecimentos. Diante desse cenário encontramo-nos paralisados pelo passado. Encontramo-nos tremendamente condicionados de forma dramática pelo passado. E isto é castrador, escravizador. Na verdade, através das nossas memórias não podemos de forma alguma mudar os fatos da nossa história. O nosso passado está relacionado com a forma como percebemos a nossa experiência. De certa forma, o passado não existe. Bem, pelo menos não existe enquanto fatos. Existe sim, enquanto percepção da ideia que temos daquilo que nos aconteceu e como vivemos essa experiência passada. E este é um bom princípio para podermos viajar até ao nosso passado, e alterar a percepção que temos dele a nosso favor. Não podemos mexer nos acontecimentos em si, mas sim na ideia que temos acerca deles, e consequentemente da nossa percepção registrada na altura. Os eventos do passado não existem em nenhum outro lugar, a não ser na nossa memória, que dão origem aos sentimentos e pensamentos que temos sobre eles. Podemos sim mudar o passado, da única maneira que importa, não alterando o que realmente aconteceu, mas mudando o significado do que aconteceu e, portanto, podendo libertar-se das angústias do passado e dos sentimentos daí resultantes. Se podemos realmente utilizar eventos passados que podem ter sido traumáticos como trampolim para o nosso crescimento e desenvolvimento pessoal, reinterpretando-os em acontecimentos positivos, nós podemos libertar-nos da dor associada às memórias que temos deles. E isto é libertador!

Lembra da Palavra de Deus: “... eis que tudo se fez novo ...”pois é, viajamos ao passado, tomamos consciência de crescer com o negativo, e colocamos tudo em Cristo Jesus, pois “se estamos com Ele, somos uma nova criatura” (II Cor. 5, 17)

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