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Foto do escritorHenrique Santos Filho

DOENÇAS PSICOLÓGICAS - PARTE VI

Vamos relacionar algumas das doenças psicológicas, e suas manifestações tão comuns em nosso meio, para conhecimento, sem no entanto esgotar o assunto, já que aqui, não se trata de uma análise profissional, mas de uma orientação, um conhecimento, que nos leve a procurar uma ajuda profissional, se isto se fizer necessário.

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ANGÚSTIA

Todo ser humano já experimentou alguma vez uma sensação de intranquilidade contínua, um estado de tensão diante de tudo o que o rodeia, sem que isso corresponda aparentemente a um motivo determinado.

São esses estados anímicos - (relativo a alma) - e as causas que os provocam, que a psicologia moderna tenta explicar com seus estudos, sobre a angústia.

A angústia é um estado afetivo próprio da condição humana, resultante de uma consciência de desamparo, que provoca tensões dolorosas e intensas.

Em sua fase mais primitiva, essas tensões constituem a raiz dos diferentes afetos e também da angústia.

Existe um tipo de angústia, conhecida como: “angustia neurótica” , que tem caráter “flutuante”, isto é, não se liga a nenhuma realidade concreta, de modo que a pessoa espera atentamente o aparecimento de qualquer situação que possa justificar tal angústia.

Além da neurose de angústia, na qual ocorre uma tensão interna geral, e de enorme variação, há desde os que a entendem como uma resposta à incapacidade de compreender a realidade exterior - até os que afirmam ser ela proveniente de um estado de expectativa prolongado diante de algum fato que não chega a ocorrer.

De maneira genérica, pode-se dizer que a psicologia contemporânea aborda o problema da angústia sob duas perspectivas:

1) estabelecer se ela constitui um estado transitório ou se, ao contrário, é uma predisposição, um elemento da personalidade;

2) determinar, se de fato, a angústia tem uma causa definida ou se pode resultar de motivos e situações muito diversos.

HISTERIA

É um fenômeno psicopatológico clássico. Conhece-se como histeria o fenômeno que consiste no aparecimento de importantes alterações objetivas de comportamento:

· paralisias,

· afonias, (impossibilidade de emitir voz)

· crises de choro ou de riso,

· vômitos,

· dispepsias, ( dificuldade de dirigir)

· convulsões - sem que haja lesões orgânicas que as justifiquem.

O termo deriva do grego hystera, - "útero", e reflete a antiga idéia de que a histeria era um distúrbio feminino, resultante de disfunções uterinas.

Do ponto de vista somático, a manifestação mais espetacular da histeria é a que classicamente se chamava "grande ataque histérico":

· a pessoa grita,

· debate-se no chão,

· movimenta-se com grande agitação e descoordenação, como num ataque epilético.

Contudo, no caso do epilético, a consciência não se perde e o ataque tem curta duração, à diferença do que ocorre no ataque histérico, que é provocado por um desgosto ou contrariedade e costuma terminar em crise de choro.

Totalmente diferentes são as paralisias histéricas (catalepsias) ou a anulação sensorial de origem histérica.

Aqui o doente procura dessa forma resolver ou reviver um conflito reprimido, obtendo além disso, com sua atuação histérica, um ganho real - atenção dos que o rodeiam, realização de desejos etc. - que às vezes se transforma no maior obstáculo para a cura.

Eram comuns, durante a primeira guerra mundial , nos campos de batalha os ataques clássicos de histeria, ao passo que, na segunda guerra mundial, a incidência deles foi muito menor, pelo menos entre os membros do mesmo grupo cultural, e se manteve em grupos pertencentes a meios culturais mais atrasados.

A formação de manifestações histéricas da angústia e do medo vai desde o ataque clássico, até as perturbações orgânicas de tipo psicogênico.

No caso dessas últimas, a perceptível realidade da lesão faz com que sejam socialmente aceitáveis.

NEUROSE

A Neurose é um distúrbio funcional do sistema nervoso que se caracteriza por ansiedade, depressão e outros sentimentos de infelicidade demasiado profundos em relação aos fatores que os desencadeiam.

A angústia que uma situação inquietante ou de perigo provoca no indivíduo é uma reação psicofísica normal. Se tal situação ameaçadora não tiver apoio na realidade, no entanto, é provável que se esteja diante de um quadro de neurose.

A neurose pode comprometer certas áreas da vida afetiva e das atividades do indivíduo, mas em geral não é grave a ponto de incapacitá-lo para a vida profissional, familiar etc.

Na neurose o indivíduo não perde contato com a realidade, é uma elaboração psíquica anormal dos estímulos emocionais, do que resulta, habitualmente, uma reação desproporcionada.

As neuroses se manifestam por meio de sintomas inespecíficos e específicos.

a)- Os inespecíficos, ou acessórios, podem existir não só nas neuroses, mas também em outras doenças orgânicas ou psíquicas: depressão, hipocondria, irritabilidade, insônia, dores de cabeça, vertigens, paralisias, cegueira, convulsões etc.

Há gradações, que vão da simples intranqüilidade até a angústia catastrófica. A angústia é o fenômeno básico da neurose. Os demais sintomas ou traços neuróticos devem ser considerados transformações ou disfarces da angústia, por mecanismos inconscientes, o sujeito se defende contra o surgimento ou a permanência da angústia.

Como exemplo de somatização, a cegueira, pode manifestar-se sem que haja lesão dos centros cerebrais da visão, dos nervos ou do aparelho visual, mas apenas porque certos impulsos (ou idéias, sentimentos e lembranças a eles referidos), reprimidos pela consciência, tiveram sua energia instintiva desviada para descargas por intermédio das estruturas orgânicas.

Da mesma forma, podem originar-se paralisias, anestesias, convulsões, dores e espasmos.

b)- Os sintomas específicos e os acessórios se mesclam, em cada caso, em proporções variáveis, bastante individualizadas. Muitas vezes, porém, certos sintomas dominam o quadro clínico de tal modo que já se pode falar em formas especiais de neurose.

Quando a prevalência é dos acessórios e as queixas se referem a um determinado órgão da vida vegetativa, fala-se em organoneuroses (neurose cardíaca, neurose gástrica).

Em alguns casos, os sintomas neuróticos se estabelecem nitidamente, a partir de certas situações externas, de tensão crônica ambiental ou de traumas emocionais, como: morte de entes queridos, desastres, catástrofes, insucessos financeiros, amorosos ou sociais.

A esses casos dá-se o nome de neuroses traumáticas, entre as quais se incluem as neuroses de guerra, responsáveis depois da segunda guerra mundial, por uma série de desajustamentos sociais.

O tratamento das neuroses pode ser somático com:

· emprego de sedativos,

· tranqüilizantes,

· fisioterapia,

· e sobretudo sonoterapia ou psicoterápico - com sugestão, persuasão, e principalmente psicanálise e métodos terapêuticos dela derivados.

PARANÓIA

Usada originalmente como sinônimo de insanidade, a palavra paranoia, no século XIX, passou a designar um distúrbio mental específico a que estão quase sempre associados delírios de grandeza e de perseguição.

Paranoia é uma doença mental-emocional, que se caracteriza por um estado de delírio permanente, internamente bem estruturado, cuja aparente coerência externa resiste à argumentação lógica.

Ideias delirantes são concepções falsas que o indivíduo toma repetidamente como verdadeiras e lentamente se transformam num sistema complexo, intrincado e logicamente elaborado, sem alucinações e sem desorganização da personalidade.

O mais comum dos delírios paranoides é o de perseguição, em que o indivíduo se sente prejudicado ou enganado por aqueles que o cercam. São também frequentes os delírios de grandeza, os eróticos e os depressivos.

A exagerada tendência à auto referência é sintomática do delírio paranoide. Ela se manifesta como a interpretação dos gestos, observações e atitudes dos outros, como sinais inequívocos de atitudes hostis ou insinuações contra o indivíduo.

Os sinais que identificam a convicção paranoide são: a disposição de aceitar as menores evidências que apoiam as ideias delirantes - e a incapacidade de aceitar qualquer evidência em contrário.

O paranoico, exceto no que se refere ao delírio, apresenta inteligência normal, além de capacidade de memória e de raciocínio pleno.

Síndrome paranoide = quando os sintomas paranoides são leves ou surgem juntamente com outras características psicopatológicas, costuma-se usar o termo síndrome paranoide.

Nas crianças, a necessidade exagerada de aprovação pode aparecer como traço paranoide do caráter, enquanto nos adultos se manifesta sob a forma de desconfiança, orgulho e falta de adaptação social.

Tratamento. É difícil e prolongado o tratamento do paranoico. A doença pode torná-lo perigoso e, em alguns casos, levá-lo à internação..

PSICOSE

Em clínica psiquiátrica, dá-se o nome de psicose a uma ampla variedade de perturbações graves do comportamento que revelam a existência de profundas alterações mentais.

O termo psicose designa genericamente os processos mórbidos de desintegração da personalidade, com grave desajustamento do indivíduo ao meio social. Corresponde, até certo ponto, ao conceito popular de loucura, tremo que não se deve mais ser utilizado.

Nos psicóticos, essa função está tão alterada que suas elaborações se tornam evidentemente absurdas, grosseiramente divergentes não só das experiências e idéias das demais pessoas, mas também daquelas que o paciente apresentava antes de adoecer.

É o que se observa, por exemplo, nas ideias delirantes, sintomas dos mais caracteristicamente psicóticos:

· o paciente, conforme o caso, acredita-se vazio,

· de outro sexo,

· o maior pecador do mundo,

· culpado das guerras e revoluções,

· perseguido por selenitas ou marcianos,

· chefe de estado ou dono de fabulosos tesouros.

São também sintomas psicóticos:

· as alucinações, ou percepções sem objeto;

· o doente vê animais nas paredes brancas e nuas do quarto;

· o doente ouve vozes de perseguidores inexistentes;

· e sente o sabor do veneno que seus inimigos lhe administram.

Os psicóticos têm absoluta e irredutível convicção da verdade de suas irreais percepções internas. Não lhes reconhecem o caráter mórbido, ao contrário dos neuróticos, que têm exata consciência do caráter patológico de seus distúrbios e não negam flagrantemente a realidade objetiva.

Nem sempre, no entanto, as psicoses determinam caos mental flagrante ou desarrazoados tão óbvios. Certas funções podem permanecer íntegras, ao lado do juízo perturbado. A inteligência, a memória, o cabedal de conhecimentos adquiridos, por exemplo, conservam-se inalterados em alguns tipos de psicoses.

No entanto, em todos os casos, existe transformação radical das relações entre o indivíduo e o mundo, de tal modo que a personalidade total se desintegra.

Os psicóticos tornam-se incapazes, em grau maior ou menor, de ajuste social . Não podem viver sem conflito, dependência ou proteção incomuns nos grupos sociais.

Tornam-se, na maioria das vezes, alienados mentais, isto é, incapazes de reger a própria pessoa e seus próprios bens, e irresponsáveis diante das leis penais.

Costuma-se dividir as psicoses em dois grupos fundamentais:

· orgânicas, que são as psicoses derivadas de anormalidades físicas conhecidas, embora também possam ser produto de transtornos psicológicos ou comportamentais;

· e funcionais, que compreendem as demais psicoses.

As psicoses orgânicas. Existem alguns estados psicóticos cuja causa orgânica é conhecida.

Os mais importantes são os que correspondem à psicose senil, à que aparece por vezes nos alcoólatras crônicos e às psicoses puerperais, ou do pós-parto.

a)- A psicose senil caracteriza-se por:

· estados de confusão mental,

· perda de memória

· e, por vezes, pela aparição de sintomas paranoicos.

Costuma ser associada a fases avançadas de degeneração cerebral, provocada pela falta de irrigação sanguínea nesse órgão, que pode resultar, por sua vez, de um quadro de arteriosclerose grave.

Os alcoólatras em situação de abstinência podem sofrer:

· tremores;

· estados de ansiedade;

· e alucinações.

O álcool danifica os tecidos cerebrais, o que provoca no doente uma perda de memória e das capacidades intelectuais, assim como uma progressiva deterioração da capacidade de estabelecer relações sociais normais e a manifestação da tendência a exibir condutas extravagantes e, por vezes, agressivas.

b)- Psicoses funcionais. As psicoses de caráter funcional compreendem várias síndromes diferentes:

· a esquizofrenia,

· a paranóia,

· as psicoses afetivas e as psicoses involutivas

a)- A esquizofrenia é a variedade mais frequente de psicose. Caracteriza-se por um isolamento do mundo exterior, que concorre com perturbações do pensamento, da percepção do meio externo e da percepção da própria personalidade.

Embora a remoção dos sintomas seja sempre possível, nos pacientes crônicos, a esquizofrenia chega a produzir uma grave degenerescência geral.


b)- A paranoia, que é por vezes considerada uma variedade da esquizofrenia, abrange a elaboração de um mundo de fantasias que é internamente coerente e lógico.

É frequente que ocorra a identificação do doente com um personagem famoso, assim como que apareça um sentimento de ameaça contínua ou perseguição.

c)- As psicoses afetivas incluem a depressão psicótica e a psicose maníaco-depressiva. Esta caracteriza-se pela periodicidade e se manifesta sob as formas de crises, separadas por intervalos mais ou menos longos, às vezes com uma ou duas em toda a vida do paciente. Em cada intervalo entre as crises pode haver perfeita normalidade, manifestações dissimuladas da doença ou peculiaridades temperamentais mais ou menos acentuadas (temperamento ciclóide).

As crises se caracterizam por estados de intensa tonalidade afetiva, que dominam toda a vida psíquica. Há dois tipos de crises: (1) crises maníacas (humor exaltado, com alegria exagerada ou cólera, excitação psíquica e motora); (2) crises melancólicas (humor deprimido, tristeza, inibição psíquica e motora, auto recriminação, tendência ao suicídio). Os dois tipos de crises sucedem-se ou combinam-se, no mesmo indivíduo, sob diversas formas alternadas, intermitentes, circulares, mistas etc.

Tratamento. Na tentativa de ressocializar o doente psicótico, diversos meios de tratamento são utilizados de maneira conjugada, tais como a administração de psicofármacos, combinados se possível à psicoterapia e o eletrochoque no caso de psicoses agudas.

Em algumas situações, como último recurso, no caso de pacientes violentos e irrecuperáveis, empregam-se técnicas de neurocirurgia. A hospitalização é quase sempre necessária, com um período de isolamento muitas vezes benéfico para o paciente, embora algumas correntes psiquiátricas defendam a permanência do paciente no ambiente familiar.


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