“A outro é dado pelo Espírito, o discernimento dos espíritos.” (I Cor. 12, 10)
“O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés”. ( Rm 16,20). O Dom do Discernimento dos espíritos é uma graça que provém da presença do Espírito Santo em nós. Nossa unidade com Ele, nossa intimidade com Ele em oração. Da mesma forma que nos dá palavras de sabedoria, ou qualquer outro Dom, dá-nos igualmente o discernimento dos espíritos, Dom espiritual que nos permite discernir, examinar, perceber e identificar em nós mesmos, nas outras pessoas, na comunidade, nos ambientes e nos objetos o que é de Deus, o que é da natureza humana ou o que é do maligno. Este Dom permite-nos identificar qual o espírito que está impulsionando ou está influenciando uma ação, uma situação, algum desejo nosso, alguma decisão a tomar, algo que nos digam, proponham ou ofereçam. A primeira passagem que podemos refletir é Gen. 3, 1-7. Eva e Adão gozavam de intimidade e relacionamento afetivos com o Criador. No entanto Eva não percebeu que falava com o maligno. Antes ela achava o fruto perigoso, depois percebia que era bom, tinha aspecto agradável e era bom para abrir a inteligência. S. João da Cruz nos ensina que nossa alma tem três grandes inimigos: o mundo, o demônio e nossa carne, inimigos a fazerem guerra e dificultarem o caminho que nossa alma deseja trilhar até Deus. O objetivo desses três inimigos é nos iludir e seduzir para que façamos a vontade deles ou nossa, mas não façamos a vontade de Deus. A falta de discernimento espiritual veio pôr a perder toda a humanidade. É preciso “vigiar e orar para não cair em tentação”, como nos ensinou Jesus. O Espírito santo impulsiona Jesus a fazer dois discernimentos importantíssimos: (Mt. 16, 13-23) Em Mt 17, 14-21, percebemos que os discípulos não discernindo que espírito atormentava o menino, não puderem expulsá-lo. Jesus percebeu que Deus aproveitaria a enfermidade de Lázaro para manifestar Sua glória ( Jo 11, 1-4) . Discerniu que as sugestões que vinham na tentação do deserto, embora citassem a Palavra de Deus, não eram do Pai, mas do maligno para estragar o plano do Pai. ( Lc 4, 1-13) Discerniu no texto que fala da cura do paralítico, que a causa maior dos males daquele homem, não era enfermidade física, mas espiritual ( Lc 5, 17-26) . Ao agirmos sem discernimento dos espíritos, atraímos para nós mesmos e para as outras pessoas envolvidas, conseqüências por vezes, desastrosas, como foi o caso de Davi (II Sm 11, 2-27). Precisamos nos abrir para o Dom do Discernimento para não nos deixarmos arrastar pelas nossas paixões e pelas tentações do inimigo e assim livremente fazermos a Vontade do Pai. Talvez por um momento, uma atitude ou palavra nos traga realizações, alegria, mas logo, percebemos quão vazia ficou a nossa alma ou a alma de nossos irmãos, pois só a Vontade de Deus pode nos levar à verdadeira alegria e realização de nossas vidas. O Dom do Discernimento dos espíritos é precioso para todas as atividades do homem. Ao orar por algum irmão é preciso discernir, não só se seu problema vem e sua fraqueza ou do inimigo, mas também de que tipo de problema emocional ou de que tipo de tentação ou opressão. Tudo que impulsiona e se apresenta ao homem cristão: sentimentos, ações, desejos, planos, palavras e tantas coisas mais, devem antes de discernido, examinado à luz de Deus. ( I Tes. 5, 21s). Após o discernimento é preciso ser obediente de forma radical para cumprir, não o que os outros exigem e nem o que exigimos de nós mesmos, mas o que Deus nos pede, em cada situação ( Fil. 4,8) . O Dom do Discernimento dos espíritos resguarda nossas vidas pessoais e nosso serviço aos irmãos de toda influência do inimigo –“para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens, de seus artifícios enganadores. Mas pela pratica sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é cabeça, Cristo (...) não persistindo em viver como pagãos, que andam a mercê de suas idéias frívolas, com o entendimento obscurecido e por sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-se afastados da obra de Deus ( Ef. 4, 14-18) Pelo Dom do Discernimento, o cristão reconhece os dons do Espírito Santo e não enganados por falsos dons provindos do maligno ou da imaginação do homem. São João também nos adverte quanto à necessidade de examinarmos se os espíritos são de Deus e nos ensina como reconhecê-los: “ todo espírito que proclama Jesus Cristo que se encarnou, é de Deus e” “que os espíritos do mundo falam segundo o mundo, e quem é do mundo os ouve, Ao passo que os que são de Deus, que conhecem a Deus, ouvem a Deus” ( I Jo 4, 1-6) É isto que nos dá a graça de distinguir o espírito da verdade e o espírito do erro.
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