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Foto do escritorHenrique Santos Filho

ESPIRITUALIDADE E EMOÇÃO

Atualizado: 12 de fev. de 2019

A religiosidade tem enfatizado ao extremo o aspecto afetivo, a sugestão, as emoções e interpretam com muita facilidade os acontecimentos como intervenções milagrosas de Deus. Isso leva ao risco constante de as fantasias humanas se apresentarem como “revelações divinas” e de os “oráculos” se misturarem com compreensões, preconceitos e tendências humanas.

São os riscos do emocionalismo. Tem se visto um esforço deliberado no sentido de estimular as emoções por meio de cânticos, ou fórmulas, mundo musical ou qualquer outra coisa, algo parecido com rituais religiosos de povos primitivos, através de danças e outros procedimentos. Emocionalismo é um estado e uma condição em que as emoções estão descontroladas. As emoções devem ser constatadas através da mente, da verdade. E qualquer assalto direto sobre emoções é necessariamente falso e inevitavelmente resultará em problemas. É verdade que experiência com Deus afeta o indivíduo como um todo, corpo, mente e emoções.


Como não se emocionar diante da grandeza de Deus, de Seu poder, do contato direto com o Espirito Santo?


A bíblia mostra que Davi, diante da Arca de Deus, foi tomado por uma avalanche tão forte de emoções que causou escândalo em Mical, sua esposa. No dia de Pentecostes, os discípulos de Jesus, após receberem o batismo com o Espirito Santo, estavam como que embriagados e falavam todos, de uma vez, várias línguas. Jesus se emocionou várias vezes no seu ministério. E sem dúvida, Deus usa essas coisas para chamar a atenção para a Obra que Ele realiza. Agora o que não podemos esquecer é que as emoções devem ser sempre controladas pela razão, não o contrário. Quando a ênfase é deliberadamente posta nas emoções e elas ficam descontroladas, perde-se a razão e abre-se caminho para o fanatismo de pessoas que se julgam “inspiradas por Deus” e para os “mercenários” que promovem essas coisas com o intuito de fazerem os cristãos reféns de seus interesses. Tomemos cuidado, porque a espiritualidade anda lado a lado e, as vezes, se confundem com emocionalíssimo, impulsividade e fanatismo. O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreende-lo? (Jr. 17, 9).


Nossas emoções podem nos levar a confundir o que e nosso com aquilo que é Deus. Nossas frustrações, questões e ansiedades vão querer aparecer como expressão da vontade de Deus e revelação do Espirito. Nossos interesses vão querer aparecer como expressão da vontade de Deus. Um rosto triste é um chamariz de profecias.


Muitas de nossas ações repetidas podem ser comportamentos apreendidos e condicionados que respondem automaticamente a determinados estímulos, principalmente, os musicais, o que muitos pregadores conhecem muito bem e usam e abusam disso. A exploração de nossas emoções pode nos tornar vulneráveis a toda sorte de “mercenários”. Tende cuidado, para que ninguém vos faça de presa, por meio de filosofias e vãs sutilizas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Jesus Cristo (Col. 2, 8). A ênfase nas emoções faz das pessoas massa facilmente manipulável. Na maioria da vezes somos mais movidos pelas paixões que pela razão. Os que tem mais esclarecimento jogam com as emoções, abusam de ideologia e de supostas revelações para manipular um povo simples cuja maioria é constituída por gente de baixíssima instrução e sem conhecimento de verdade. Precisamos estar atentos para não prescindir do poder que Deus colocou a disposição de Sua Igreja com intuito de promover o Seu Reino, mas também para não virarmos reféns dos enganos do nosso próprio coração, confundido aquilo que é nosso com aquilo que é de Deus. Cuidemos para que as nossas emoções não nos façam presas dos “mercenários de plantão” que entendem das técnicas psicológicas de manipulação da massas.

É verdade que se emocionar faz parte da constituição do indivíduo, principalmente quando da experiência com o divino, mas a razão tem que estar sempre no controle, aliás, o espirito do profeta deve estar sempre sujeito ao próprio profeta (1 Cor. 14, 32).

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