Há uma guerra incessante acontecendo na vida de todos.
Não é a batalha da lei versus a graça. Esta já foi ganha por Jesus na cruz. É sim a guerra do Espírito versus carne: "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si...", GI 5, 17. A palavra Espírito está em maiúscula e, na gramática, Isso significa que se trata de uma pessoa.
Observe que Espírito e carne são opostos, não quer, são inimigos. Por não estar atentos a isto, há muitos cristãos que vivem no campo da derrota.
Então, o que é necessário para ser vitorioso?
É preciso ter conhecimento da carne. Carne não significa corpo ou matéria, não significa o palpável, o gerado e concebido por uma mulher. Não é o corpo físico. Por isso é que o nosso corpo não é a sede de todos os pecados. Para muitos, o seu corpo tem sido o culpado vital de seus fracassos. Porém, o texto faz alusão à natureza humana. No contexto, os pecados mencionados como obras da carne são pecados espirituais manifestados através do corpo, GI 5, 19-21.
A origem, a sede é a natureza humana; o corpo é apenas um instrumento que pode ser usado para satisfação da carne ou do Espírito, Gl. 5, 16 e 24. Andar a partir do senso e razão pessoal implica em viver sem a orientação de Deus, executar o próprio querer sem se importar com o querer de Deus. E é justamente nesse ponto que muitos cristãos têm tombado e perdido a guerra.
Policiam tanto o corpo e se esquecem de tomar conta de suas intenções e vontades. Não conseguem se render inteiramente a Deus e ao Espírito Santo, que é o agente ativo na vida do cristão. Assim, há uma guerra sendo travada na psique humana, isto é, a carne, as vontades pessoais, a razão humana lutam incansavelmente contra o Espírito.
São duas vontades lutando em uma só mente.
Por isso, o apóstolo Paulo escreveu: "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm. 7, 18-19).
Paulo desejava o bem, porém sua razão não propiciava realizá-lo. É a natureza carnal que faz com que o cristão realize coisas que por exemplo: será que uma pessoa tem inveja por que quer? Ou será que tem ciúmes por que deseja? Paulo afirma: "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço".
O que é isso? É guerra entre a natureza pecaminosa e a natureza Santa do Espírito. É guerra da vontade própria e contra a vontade de Deus. Na verdade, existe uma resistência involuntária da parte humana, e é esta resistência que cria este atrito espiritual, ou seja, é a nossa carne resistindo à vontade de Deus. Mas que Espírito é este?
Este é o Espírito de Deus, o qual passa a fazer morada no coração humano quando este aceita a Jesus Cristo como seu Salvador.
O Espírito Santo é o agente responsável para conduzir o cristão a fazer a vontade de Deus. Dessa forma, é possível entender porque há uma guerra irreconciliável instalada na mente do homem cristão.
Esse texto de Gálatas é uma prova irrefutável de que existem dois antagonistas (adversários) agindo no coração do cristão. Não há outra maneira para explicar o fato de que nem sempre o cristão obedece aos ditames de sua consciência.
Se isso tem acontecido é porque existe um ser vivo resistindo e afrontando o nosso próprio querer. Este ser é o Espírito Santo que revela a vontade de Deus para todos. Jesus não prometeu o Espírito Santo simplesmente para que falássemos em línguas estranhas.
Também foi para auxiliar o cristão a anular o próprio eu, e fazer guerra contra a natureza carnal. Por isso, para que o homem ande no Espírito, o apóstolo Paulo recomendou: "E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito" (Ef. 5, 18). Esta guerra nada mais é do que o querer do ser humano versus o querer de Deus.
Pois bem, o ser humano é onisciente? É onipotente? É onipresente? Claro que não. O ser humano é impotente diante de Deus.
Mas, mesmo sabendo disso, a natureza carnal se opõe à vontade de Deus. O resultado é a batalha que se trava em nossa mente. Muitos vivem na derrota porque não têm andado na dependência de Deus.
O cristão deve estar consciente de que só vencerá se render sua vida a Deus. Por esse caminho, o Espírito Santo tomará o controle total de sua vida. A carne será mortificada e o Espírito será vencedor. Jesus deixou um exemplo sobre o que é viver no Espírito: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua" (Lc. 22, 42).
A vontade de Deus, o projeto de Deus, é que tenhamos constantes vitórias. Mas para isso o Espírito tem que vencer a carne.
A carne, na verdade, tenta constantemente nos impulsionar para baixo, para a derrota, enquanto o Espírito se esforça para nos impulsionar para cima, para a vitória.
Para que haja um vencedor é necessário nossa contribuição, fazer a nossa parte, que é se render ao agir do Espírito Santo de Deus. Seja um vitorioso!
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