Sonda-me ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos: vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 138,23- 24).
O que temos visto quando olhamos para dentro de nós?
Podemos identificar alguns desses vírus que adoecem as emoções? Podemos fazer, com coragem, essa oração que o salmista fez?
Quando alguém fratura um membro, o procedimento é tirar um raio x para visualizar com clareza onde está a fratura, o aspecto da ferida ou o tamanho do trauma; assim é na vida emocional.
Quando submetemos nossas vidas interiores à luz do conhecimento de Deus identificamos onde estão os traumas a serem tratados.
A cura e a restauração da alma são atitudes de enfrentar, conscientemente, com maturidade os traumas não superados, as memórias doídas e emoções feridas.
Curar é enfrentar, é o ato de trazer à frente.
É necessária uma revelação bem definida de como está a estrutura da nossa personalidade, identificando rejeições, traumas e feridas que vieram como resultado de modelos de autoridade que falharam, mas principalmente nossas escolhas erradas frente a essas falhas.
Muitas vezes nossas emoções adoecem não só pelas influências, mas também pelas escolhas erradas que fazemos.
O estado do coração compromete nossas atitudes e também a qualidade de vida.
Precisamos entender o que está impedindo o desenvolvimento da nossa saúde emocional.
Nossas emoções se manifestam pela alegria, tristeza, raiva, medo.
Todos os dias, senão todas as horas, a nossa mente e o nosso corpo passam por diversas emoções que impactam a qualidade da saúde do organismo.
As emoções são experiências complexas e as emoções podem ser primárias ou secundárias, sendo as últimas resultantes da aprendizagem e por isso, associadas a respostas passadas avaliadas como boas ou ruins.
Diferentemente do sentimento, que é orientado para o interior, a emoção é eminentemente relacionada ao exterior, ou seja, projetada para fora.
As emoções desempenham um papel crucial no relacionamento com outras pessoas e na manutenção do valor ou da dignidade nas relações interpessoais.
As emoções positivas, como o amor, a alegria, a satisfação e o respeito, tendem a resultar em uma relação próxima, estimulando o vínculos interpessoais.
Já as emoções negativas, como a raiva, a dúvida ou a culpa, podem prejudicar todos relacionamentos.
É importante ressaltar que nada neste campo é essencialmente bom ou ruim.
O que faz algo ser prejudicial é a "desproporção”.
Contudo, as emoções negativas podem impedir a vivência de determinadas situações, paralisando a pessoa, provocando fuga ou negação. É importante buscar o equilíbrio. O resultado do que fazemos deve ser a procura da alegria e da satisfação.
A dor vem sozinha, a alegria deve ser buscada.
Como as emoções podem afetar física?
As emoções têm a capacidade de prejudicar e de curar não apenas psicologicamente, mas também fisicamente.
A expressão da emoção positiva tem sido repetidamente associada à melhor saúde e sobrevivência.
Já as emoções negativas repercutem em adoecimentos cardiovasculares, doenças autoimunes, câncer, doenças infecciosas etc.
Reações fisiológicas como tremores, sudorese, falta de ar, taquicardia, boca seca, dor de barriga, tensão muscular, além de liberação de endorfina e aumento do cortisol, podem ser associadas a emoções.
Os problemas de saúde física podem colocar as pessoas em uma situação emocionalmente difícil.
Respostas emocionais podem aparecer em vários estágios de um problema de saúde como resposta a sintomas, diagnósticos e tratamentos.
Os problemas de saúde física envolvem inerentemente uma pessoa e o sofrimento pelo qual ela passa e, portanto, a experiência do
A pessoa que consegue gerenciar, controlar suas emoções possui mais recursos para enfrentar as situações adversas do dia a dia.
Aqui é necessário a oração de louvor a Deus pela pessoa, a oração de Cura Interior, pelo Poder do Espírito Santo, exercício do dar e receber perdão, busca dos sacramentos da penitencia e eucaristia.
Poderemos ainda buscar tratamento psicológico que consiste no reconhecimento da vivência de uma fragilidade ou sofrimento emocional; no desejo em mudar comportamentos ou aspectos da vida e até mesmo como forma de autoconhecimento.
Lembremos que toda enfermidade física, apresenta aspectos psicológicos e esses podem ser a causa, desencadeador, agravante, forma como ele assimila a doença e sua personalidade.
Muitas são as situações que podem adoecer as emoções, como podemos ver:
PASSIVIDADE
"Desde os dias de João Batista até agora o Reino de Deus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mateus 11,12)
A passividade é uma inimiga, tanto da saúde emocional como da saúde espiritual.
Se não conseguirmos que a pessoa saia da passividade, vamos falhar em ajudá-la.
O maior perigo da passividade é que, quando instalada, vai minando a força moral e tornando a pessoa suscetível a imoralidades.
A incapacidade de reagir frente a situações de pecados e tentações revela a intensidade da passividade.
Muitas famílias são marcadas quando a passividade se instala, quando a figura de um dos modelos de autoridade se anula gerando uma disfunção.
A figura do homem é muito atingida pela passividade, que acaba levando esse pai, esse marido, à margem de suas funções.
Para poder lidar com esse vírus, um estilo de vida marcado pela iniciativa faz toda a diferença.
ORGULHO
“Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (Tiago 4,6)
As pessoas não querem se apresentar como “fracas”, reconhecendo que um problema existe, então constroem barreiras de autoproteção e não estão dispostas a se despir emocionalmente para serem curadas, como foi com o general de guerra Naamã relatado no livro de 2 Reis 5,1-19.
Apesar de todo seu status e posição, a bíblia declara que ele era leproso e precisava desesperadamente ser curado.
Sua cura não foi somente física, mas também na alma. Ele se despiu de toda sua armadura, suas estrelas e, principalmente, de seu orgulho.
Expôs suas feridas e, seguindo o conselho do profeta, foi mergulhar sete vezes no rio Jordão. Ao sair de lá estava curado no físico.
Será que temos a mesma disposição para sermos curados?
O orgulho tem sido uma forte marca nesta geração.
Quantas pessoas estão em dificuldades e sofrimentos?
Até sabemos como ajudá-las, mas não podemos, devido ao orgulho que acaba impedindo com que a pessoa reconheça que precisa de ajuda.
RELIGIOSIDADE
“Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lucas 12,1)
A religiosidade é como uma maquiagem que encobre áreas de derrota e fracasso, esconde a ferida e também impede que o remédio seja administrado.
A religiosidade nos faz cegos para nossos erros, tornando nossa consciência insensível ao arrependimento.
Temos um número grande de pessoas que, apesar de estarem dentro das igrejas, ainda estão cegas com relação aos próprios erros e àquilo que precisam mudar.
Muitas vezes ministram outras vidas com um ar de superioridade.
Por baixo dessa religiosidade existem feridas que precisam ser curadas e expostas.
A religiosidade está ligada a uma vida de aparências, sem essência.
Regemos nossa rotina baseados em rituais, vivendo em função do que os outros vão pensar ou falar.
Muito da fala e do discurso de Jesus estava voltado em combater esse tipo de atitude superficial.
Ele confrontou a elite religiosa da época, que estava vivendo uma espiritualidade baseada em religiosidade e hipocrisia.
Para lidar com esse vírus que adoece as emoções é preciso construir um entendimento de que espiritualidade é baseada em essência e não em aparência. O evangelho é uma mensagem que age em nosso coração.
FALTA DE PERDÃO
“E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados” (Marcos 11,25)
A falta de perdão tem se tornado uma grande armadilha, aprisionando muitas pessoas em um quadro emocional de amargura e frustração.
Sempre ouvimos com facilidade que precisamos perdoar, mas na prática não é tão fácil assim.
O perdão não é um sentimento, nunca vamos sentir de perdoar ninguém, o perdão é uma decisão e, por outro lado, um processo.
A falta de perdão nos faz ligados ao ofensor.
Então nos cabe decidir de que maneira queremos estar vinculados às pessoas que nos machucaram.
O ressentimento e o rancor nos tornam como que amarrados às pessoas que nos ofenderam, carregando esse peso até o ponto de todas as nossas forças se acabarem.
Perdão não significa fingir que nada aconteceu, mas sim uma decisão de renunciar a dor do orgulho ferido e entregar essa causa.
Perdão não significa que eu tenho de transformar a pessoa perdoada no meu melhor amigo para provar o perdão.
A melhor maneira de lidar com esse vírus que tem adoecido, e muito, a vida de pessoas, é enfrentar a dor e resolver o perdão.
Não vale a pena carregar a mágoa e a amargura, esses sentimentos são tóxicos e criam raízes profundas na nossa vida.
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