Deuteranômio (repetição da lei, em grego) ou documento D. Este código, sob a forma de discursos de Moisés ao povo, apresenta de novo e desenvolve as grandes linha de Lei. A sua origem é a seguinte: nos grandes santuários do reino da Samaria, o povo de Israel se reunia periodicamente (cf. Dt. 31, 10-13), a fim de renovar a sua aliança com Javé (a semelhança do que narra Js. 8, 30-36; 24, 1-28).
Os levitas dos santuários devem ter redigido formulários que repetiam a Lei do Senhor em termos breves e eram lidos solenemente ao povo antes da renovação da promessa de fidelidade ao Senhor. Essas "repetições da Lei" retomavam elementos antigos da legislação israelita, mas adaptavam-se aos tempos e as novas condições sociais de Israel.
Aos poucos, a repetição da Lei foi assumindo uma forma única em cada Santuário do reino do norte. Quando estes lugares sagrados em 722 foram invadidos pelos assírios, os levitas levaram consigo para Jerusalém os seus deuteronômios (ou repetições da Lei). Julga-se alguns desses textos (o núcleo central Dt. 12-26, talvez acompanhado de Dt. 4, 44-11, 32 e 27, 1-28, 68) foram depositados no Templo do Senhor, onde caíram no esquecimento, em virtude da decadência religiosa empreendida por este rei piedoso (cf. 2Rs 22).
Por ocasião de sua descoberta e depois, o código chamado Deuteronômio (que compreendia alguns deuteronômios ou repetições da Lei) terá recebida acréscimos correspondentes as condições sociais da época. A redação final se deve ao século V a.C., quando o Deuteronômio, na íntegra, foi anexado ao bloco da Torá. No Deuteronômio hoje existente distinguem-se cinco "deuteronômios" ou repetições da lei. A principal característica do código D é a eloquência do seu estilo, que lembra as pregações e exortações feitas pelos sacerdotes ao povo fiel.
As frases são cadenciadas, de modo a penetrar nos corações e move-los ao amor e a generosidade com Javé.
Código sacerdotal (ou Priesterkodex) no século VI, durante o exílio da Babilônia (587-536 a. C.), os sacerdotes de Jerusalém terão por sua vez, redigidos as tradições de Israel num código que foi chamado "Código Sacerdotal". Viam-se diante de um povo prostrado moralmente e destituído da sua monarquia.
Quiseram, portanto, mostrar aos judeus a continuidade das bênçãos e promessas de que gozava o antigo povo de Israel. Isto explica a tendência de P a apresentar dados cronológicos e tabelas genealógicas, elementos que ligavam aos Patriarcas o povo do exílio e pós exílio. Os trechos históricos e jurídicos de P tem a finalidade de mostrar que Deus mesmo instituiu Israel como uma comunidade de Culto ou com uma nação sacerdotal (cf. Ex. 19, 5s.); tal era realmente a condição dos judeus após queda da monarquia. Notemos a ênfase com que P menciona o Templo, a Arca, o Tabernáculo, o ritual, a Aliança. De modo geral, o estilo desse documento revela uma mentalidade culta, que sabe exaltar a transcendência de Deus.
Para concluir observemos: no século V a.C., um sacerdote (Esdras) deve ter fundado os documentos P e JE, colocando em apêndice a esse bloco o código D. Assim se constituiu o Pentateuco ou a Torá como a temos hoje.
OBSERVAÇÕES FINAIS: Como se vê, Moisés não pode ser tido como autor do Pentateuco no sentido moderno; não escreveu por inteiro a Lei. Moisés, porém é inspirador de toda a legislação hebraica antiga: ele criou a tradição jurídica e historiográfica de Israel; deu-lhes seus fundamentos e suas grandes linhas, que os juristas posteriores adaptaram e desenvolveram.
Daí dizer-se que Moisés é o autor da "substância do Pentateuco" - Esta função era suficiente para que os Judeus antigos atribuíssem simplesmente o Pentateuco a Moisés. Os sernitas tinham um conceito especial de totalidade - no núcleo inicial de determinada obra já viam incluída toda a evolução posterior dessa obra e atribuíam o conjunto inteiro ao autor do núcleo - assim é que Moisés pode, sem mais, ser considerado pela tradição judaica como autor do Pentateuco.
O fato de se admitirem fontes e mãos diferentes na redação não exclui a índole inspirada na base desse livro. O redator ou os redatores que concorreram na elaboração desse livro foram iluminados pelo Senhor a fim de distinguir, em suas fontes ou em seus conhecimentos, o que correspondia e o que mão correspondia a mensagem que o Senhor por eles queriam comunicar aos homens - e assim iluminados só incluíram no texto canônico do Pentateuco os elementos portadores de autêntica lição religiosa.
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