O primeiro questionamento que devemos fazer é: O que vem a ser aridez espiritual?
É comum escutarmos a seguinte reclamação: “Estou tão desanimado, não tenho mais sabor pela oração, as coisas de Deus se tornaram pesadas, Deus não me ouve mais!”. Tais pensamentos negativos trazem uma brecha, que podem resultar num esfriamento e até no abandono total da intimidade e da amizade com Deus.
Aridez consiste numa condição de alma em que o cristão, por alguns motivos, pode viver um tempo de abatimento, desanimo para orar, um dessabor pelo contato com as coisas de Deus. É deserto espiritual. O importante é saber que mais cedo ou mais tarde, todos nós passamos por essa fase de aridez. Não o sentimos, não o ouvimos, parece que Ele já não nos ouve, ou pior, que Ele não existe e aqui reside uma grande tentação.
Se Deus não me ouve estou abandonado, ou Ele não existe, então para que orar? Somos constituídos de corpo, alma (sede das faculdades mentais) e espirito, três realidades inseparáveis.
Se nossa saúde estiver debilitada, se estivermos estafados, dormindo pouco, comendo mal, nosso animo para executar coisas ficará prejudicado, logo oraremos mal e esfriaremos na fé e a consequência pode ser o abandono das coisas de Deus. O mesmo ocorre quando estarmos enfermos na alma.
Depressão, síndrome de pânico, pensamentos negativos como “eu nunca vou dar certo, eu sou um fracasso, eu sempre serei infeliz” vão alimentando uma alma doentia, podendo gerar doenças físicas que, ao longo prazo produzirão desanimo, cansaço, fazendo-nos gastar muita energia e ao fim não oramos, perdemos a visão espiritual e ficamos vazios.
Com relação ao campo espiritual há um motivo simples e verdadeiro: o pecado. Quando somamos muitos pecados veniais, demoramos a confessá-los, ou não vivemos um arrependimento verdadeiro, com proposito de conversão elegemos falsos tesouros, no lugar do verdadeiro tesouro Jesus Cristo.
São João da Cruz dizia que há o tempo da Graça e o tempo da raça; aquele tempo próprio para o exercício de uma fé madura. Não ouço a Deus, não sinto suas consolações, porem sei que Ele está comigo e continua a me ouvir. É como um dia nublado, não vejo o sol, porem ele está e continua a aquecer a terra.
Também Deus está presente em nossas vidas no tempo da aridez. Não O vemos. Não O ouvimos, mas Ele está conosco.
O que fazer então no tempo de aridez espiritual?
Primeiro é preciso trabalhar o que é humano e possível, dormir bem, alimentarmo-nos adequadamente, cuidarmos da saúde, ocupar a mente com bons propósitos e atividades sadias para então irmos ao segundo passo: a oração.
Um tempo em que estejamos tranquilos, abertos e disponíveis a ouvir e falar com Deus. O importante não é estabelecermos fardos pesados na oração. Comecemos com pequenos propósitos. Oremos com a Palavra de Deus. Tomemos um trecho da Bíblia, um Salmo ou mensagem. Depois como num dialogo falemos a Deus sobre nosso amor, medos e sonhos.
O importante é a perseverança. Se falharmos num dia, recomecemos amanhã, mas não paremos. Este será um belo alimento para um novo trajeto na caminhada.
E não nos esqueçamos dos Sacramentos, sobretudo a confissão e a eucaristia. Com confissão, Palavra de Deus e Eucaristia, passaremos pela aridez, não será fácil, exigirá esforços, fé ,luta, cansaço, mas Deus se alegrará, porque verá que cremos.
Então experimentaremos: “Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias, correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão” (Is. 40, 31)
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