Você acha que falar mal dos outros pode transformar-se num hábito? Há
algum problema nisso?
A maioria dos problemas enfrentados numa comunidade tem a ver com a maledicência. O ser humano é a única criatura com a capacidade de articular as palavras. Ele se comunica através da fala. Isto é uma bênção! Contudo, o que é bênção pode transformar-se em maldição.
Depende do uso. Uma advertência seríssima vem do próprio Senhor Jesus Cristo, no Sermão da Montanha (Mt 5.21,22). É preciso ter cuidado com a maledicência.
A Palavra de Deus afirma que, se alguém consegue controlar sua língua, consegue controlar todas as outras partes de sua personalidade (Tg 3,2).
O texto de Tiago pode ser entendido, basicamente, como uma divisão independente, sem muita ligação com o seu contexto. Porém, estes versículos retomam um dos temas preferidos de Tiago (1,19,26; 3,1 -12). Parece que Levítico 19.16 – Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor – está na mente de Tiago. O texto é claro e a justificativa de Tiago para condenar a maledicência também o é: falar mal (julgar) de um irmão é falar mal (julgar) da lei.
Esta é a tônica do versículo 11. O versículo 12 mostra que julgar é tarefa de Deus, não nossa. Nós não somos nem o Legislador, nem o Juiz; por isso, não temos nem o direito e nem a capacidade de julgar ou falar mal de quem quer que seja.
1. A MALEDICENCIA É PROIBIDA - Nem sempre pensamos em maledicência como algo
proibido na Lei (Lv 19.11,16). Nos Salmos (SI 34.13), nos profetas (Zc 8.16,17), nos
evangelhos (Mt 5.22), nas epístolas (Et 4.25,29; Tg 3.1-12) encontramos orientações,
admoestações e proibições quanto à maledicência. Estamos diante de algo que Deus proíbe e abomina. Sabemos que a linguagem é um meio fantástico para a comunicação entre as pessoas, porém é por demais perigosa. Ela pode construir, mas também pode destruir.
Pode abençoar, mas também pode amaldiçoar (Tg 3.10). Maledicência é difamação de
alguém: falar mal de alguém – postura condenada por Tiago (Tg 4.11).
Em lugar disso, devemos imitar o exemplo de seu Mestre, cujas palavras eram tão cheias de graça, que as multidões se maravilhavam (Lc 4.22). Por que será que Deus proibiu a maledicência?
Certamente porque ele sabe dos prejuízos que ela pode causar na vida de um povo ou de uma família. É bom lembrar que, quando nosso Senhor interpreta a lei, ele introduz um novo conceito de não matarás. Podemos trazer a morte ao nosso próximo, apenas com o mal uso de nossa língua. Tomemos cuidado, pois a maledicência mata.
2. A MALEDICÊNCIA TORNA VÃ A RELIGIÃO - Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. O cristão
que deixa de refrear a sua língua engana o seu próprio coração, perdendo a autenticidade de sua espiritualidade. A espiritualidade do indivíduo e a da comunidade cristã não se mede pela intensidade das práticas devocionais. Não é pelo tempo gasto com oração e jejuns.
Nem mesmo peio mero conhecimento das Escrituras. Além destas práticas, a espiritualidade é evidenciada e validada por uma linguagem sadia. Como diz Paulo, uma
linguagem agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis respondera cada (Cl 4.6; também Cl 3.16).
Toda a prática religiosa cai por terra com a prática da maledicência. Tiago detecta a incoerência de uma linguagem (religiosa) que bendiz a Deus, mas amaldiçoa
os homens – criados à semelhança de Deus (Tg 3,9). Não adianta ser membro assíduo de uma igreja, frequentar os grupos, ser um dizimista fiel, cantar no louvor da igreja. Tudo isso perde o valor e o sentido se não conseguimos refrear nossa língua quanto à
maledicência (Tg 3,10).
3. A MALEDICÊNCIA PRODUZ CONSEQÜÊNCIAS DESASTROSAS - Numa comunidade cristã, uma pessoa linguaruda causará terríveis danos à saúde da igreja. Como já foi dito, a língua tem um potencial destruidor. A maledicência atinge o ser humano por inteiro. Ela também atinge a igreja atrapalhando o seu crescimento. É necessário refletir sobre os pecados da língua e sobre o nosso dever de refreá-la. O apóstolo Pedro, citando e interpretando o Salmo 34, revela o segredo para aqueles que desejam ver dias felizes: guardar a língua do mal, ou seja, evitar a maledicência e falar sempre a verdade (I Ped 3,10). Destruição, intrigas, inimizades, invejas, ira, fofocas são consequências desastrosas que podem surgir numa comunidade, se não atentarmos cuidadosamente sobre a nossa maneira de falar. Igrejas são divididas, famílias são desfeitas, amizades são destruídas, guerras surgem por causa de um mal uso da capacidade de articular as palavras. É bom refletir antes de falar (Tg 1.19).
Nossas palavras, se proferidas maldosamente, têm consequências desastrosas. Sejamos cuidadosos (II Tm. 2.16,17).
4. A MALEDICÊNCIA PODE SER VENCIDA - Embora Tiago mostre que a língua "é mal incontido, carregado de veneno mortífero (Tg 3.8), cremos que a maledicência pode ser vencida. O Espírito Santo, nosso Ajudador, auxilia-nos no cumprimento dos preceitos da Lei de nosso Deus.
Temos as Escrituras e seus numerosos ensinamentos. Sejamos praticantes
da Palavra, e não apenas ouvintes (Tg. 1.22). Apropriemo-nos de suas verdades, de o
que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama (Fp. 4,8).
Com certeza, esta apropriação nos auxiliará a evitar cometer o pecado da maledicência. Ademais, temos o exemplo maior, nosso Senhor Jesus Cristo. Jamais alguém falou como este homem (Jo. 7.46). Aprendamos com ele, pois seu exemplo e sua vida nos garantem que a maledicência pode ser vencida. Nosso Senhor nunca precisou pedir desculpas por uma palavra mal colocada. Ele nunca cometeu equívocos quanto à sua fala. Portanto, concluímos que a maledicência pode ser evitada; e deve ser vencida por aqueles que têm um compromisso genuíno com o Senhor Jesus Cristo.
Que nosso linguajar demonstre nosso fiel compromisso com o Senhor. Lembremos que a maledicência é pecado condenado por Deus. Ela produz consequências terríveis para as pessoas nos seus relacionamentos. E, por fim, cremos fervorosamente que pode ser vencida com a preciosa ajuda do Espírito Santo de nosso Senhor.
REFLEXÃO
1. A sua família e igreja têm sido edificadas pelas palavras que saem da sua boca?
2. Você pensa bem antes de falar, ou é do tipo que afirma: Quando vejo, já falei? O que você deve melhorar em sua comunicação?
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