No Evangelho de Mateus, no capitulo 25, há a narração de um fato que acontecerá no final dos tempos, mas que não tem sido muito bem entendida pela população que frequenta nossas igrejas.
Jesus diz que o povo da igreja será separado em duas partes, e chamará o primeiro grupo para possuir o Reino que está preparado desde antes da fundação do mundo, porque eles se dispuseram a suprir as necessidades dos "pequeninos".
Quem são estes a quem Jesus chamou de "meus pequeninos"? Jesus nesta passagem colocou em evidência seis situações: fome, sede, terra estranha -peregrino-, nu, doente e aprisionado.
No plano espiritual, qual seria a fome e sede de nossa alma? Amor, carinho, atenção, segurança... Todos nós, sem exceção, somos carentes de carinho, e precisamos nos sentir amados, queridos, desejados, importantes. Precisamos sentir que há alguém que se importa conosco, que se preocupa conosco, que quer o melhor para nós, que somos alguém no mundo para alguém.
Comida e bebida não são exatamente o que faz com que sejamos o que somos, porque o ser humano pode sobreviver nas mais miseráveis condições, com o mínimo de água e comida. Mas a falta de carinho, de amor e atenção, faz com que as pessoas queiram desistir de continuar vivendo.
Pessoas que não se sentem amadas, queridas, desejadas, importantes na igreja, deixá-la-á mais cedo ou mais tarde. Acreditam que ninguém notará a sua ausência.
Pessoas nuas são aquelas fora da Justiça de Deus, e que por isso não tem um comportamento digno do Evangelho, mas nem por isso sentem vergonha do que fazem, ou de como agem, porque acreditam que estão agindo de acordo com a Justiça de Deus (Apoc. 3,17-18, Rom.2,17-24).
Os doentes e aprisionados, de igual forma, podem ser entendidos como sendo pessoas que ainda são dominadas por algo que os impulsiona a agirem de modo contrário ao Espírito Santo de Deus. E frequentemente vemos pessoas que estão longe da presença de Deus, sendo seviciadas, torturadas, atormentadas e as deixamos de lado abandonadas nas mãos do inimigo. Não vamos atrás delas.
O pecado faz com que as pessoas sejam prisioneiras.
E não vamos visitá-las em sua prisão. A igreja é o único exército em que seus soldados abandonam seus feridos no campo de batalha, para morrerem. É muito mais difícil trazer para a Igreja, do que converter uma alma à Igreja.
Mas mesmo assim, a grande maioria dos responsáveis pelos movimentos, concentram todos os seus esforços para trazer novas pessoas para a Igreja, esquecendo-se de desviar parte de seus esforços para manter as pessoas que estão conosco na Igreja. Você já percebeu isto?
Quem está em pecado, precisa de ajuda. Mas muitos de nós, católicos, cristãos frios, numa atitude arrogante e prepotente, acreditamos que os feridos e aprisionados do pecado não merecem a nossa atenção, a nossa piedade, a nossa misericórdia. Deixamos que elas mesmo resolvam os seus próprios problemas, e curem as suas próprias feridas, e se libertem do jugo da escravidão do pecado.
Um filme dirigido por Steven Spielberg tratando sobre o resgate de um soldado aprisionado, mostra o exército americano destacando um batalhão para resgatá-lo. Não é o que fazemos na Igreja.
Deixamos aqueles que, por um motivo ou outro, ainda não foram totalmente curados, santificados, transformados, abandonados à sua própria sorte. Se eles forem feridos pelo pecado, deixamos que eles próprios se curem e voltem para a Igreja.
Reflita: as pessoas que estão na igreja, no seu movimento ou pastoral sabem que você se preocupa com elas? E você? Sente que as pessoas se preocupam, se importam com você? Que quer vê-las feliz?
Se não houver laços, sentimentos, emoções que te liguem aos irmãos, é mentira dizer: "Oh, como é bom e agradável para irmãos viverem juntos" (Salmos 132,1).
Você conhece alguém da Igreja, do seu Grupo de Oração, da sua pastoral, que pode estar se afastando da presença de Deus? Alguém que pode estar sendo espancado, seviciado, maltratado pelo inimigo? Alguém que tem sede e fome de amor, de carinho e atenção? Você já fez uma visita a essa pessoa? Já foi conversar com ela, lhe oferecer apoio, sua palavra amiga, sua compreensão? Você já foi visitá-la em sua prisão? Ou você se sente uma pessoa santa demais, para se misturar com essa gente? Você acha é daqueles que dizem que já tem problemas demais para ir atrás dos problemas de outros? Você sente que "não está preparado" para lidar com esta situação? Ou que não deve "se contaminar"? Você pode ser uma das pessoas que se esquivam dizendo "vamos orar". Você arriscaria o seu tempo, o seu dinheiro, a sua reputação, as suas palavras com alguém que esteja nu, com fome, com sede, doente ou aprisionada pelo pecado?
A gravidade da resposta revela, mais uma vez, a gravidade da pergunta...
Porque se você não arriscar, está correndo o sério risco de ficar de fora naquele dia. (Mateus 7,21)
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